quinta-feira, 26 de abril de 2012

Somos Todos Filhos de Abril

Um dia depois das comemorações do trigésimo oitavo aniversário do 25 de Abril, atrevo-me a proferir que somos todos “Filhos de Abril”. As conquistas de Abril estão, ou deveriam estar vivas dentro de nós, quase tudo o que hoje temos foi fruto dos três “D” de Abril, Descolonizar, Democratizar, Desenvolver.
O fim da guerra colonial e a respectiva descolonização foi o primeiro objectivo a ser concretizado, bem ou mal, foi feito e assim evitou-se o continuar de uma situação muito penalizadora para o País, do ponto de vista social e económico.
Actualmente Portugal possui óptimas relações com todos os países que outrora foram colónias e estes representam uma mais-valia para a recuperação económica, pois são parceiros económicos por excelência de Portugal, fruto de uma ligação histórica alicerçada numa língua em comum.
A Democracia foi o segundo objectivo a ser cumprido, apesar de uns primeiros anos atribulados, como é normal num período pós-revolucionário. Portugal conseguiu evoluir para uma democracia estável. Contudo como em todas as democracias não podemos “dormir” à sombra do adquirido, é necessário continuar a trabalhar a nossa democracia, aprofunda-la e trazer as gerações mais jovens para os ideais democráticos, fomentando uma participação activa nos processos de decisão quer seja através dos partidos políticos ou da sociedade civil.
O Desenvolvimento, este objectivo está tão presente hoje como esteve no dia 25 de Abril de 1974. Desenvolver o País é algo que nunca é totalmente atingido, não existe países completamente desenvolvidos, existe sempre a necessidade de fazer mais e melhor.
Conseguimos nos últimos 38 anos grandes vitórias ao nível do desenvolvimento, o Sistema nacional de Saúde, que em muito contribui para ao aumento da esperança de vida, para a diminuição da taxa de mortalidade infantil, para as melhorias da qualidade de vida, etc.
A escolaridade, actualmente somos um país com mais e melhores qualificações a todos os níveis, temos uma boa escola pública, bem equipada, na sua generalidade, com docentes bem formados e capazes de fazer sobressair o que de melhor têm os nossos Jovens.
Podia continuar a falar das vitórias, pois são muitas mais, mas o mais importante actualmente é garantir que todo este esforço não foi em vão, é preciso continuar a apostar no desenvolvimento do Pais, é preciso fomentar o desenvolvimento económico como garantia de sustentabilidade para o que consideramos o estado social. Não podemos continuar a apostar só no equilíbrio das contas públicas pela via da austeridade, temos de apostas no equilíbrio das contas públicas também pela via do desenvolvimento.
Foi por esta razão que considero o discurso proferido ontem pelo Presidente da República, Professor Cavaco Silva, como sendo um dos mais fracos que tenho memória, foi centrado simplesmente na necessidade da melhoria da nossa imagem externa, e na coesão social. Este discurso quando comparado com o de à um ano é quase contraditório à vista do que aconteceu nos últimos meses. Faltou chama, faltou aquilo a que ele chama magistratura de influência, num país onde cada vez mais se assiste a desigualdades sociais e ao desaparecimento da classe média. Estava à espera de um discurso mais interventivo e virado para dentro, para os sacrifícios que temos feito, e para a necessidade de estes serem equilibrados com o “D” de desenvolvimento. Faltou um alerta ao governo para que olhe não só para os mercados, mas também para as pessoas, faltou uma luz, que nos indique o fundo do túnel.

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